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segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

VALORIZE OS SEUS AMIGOS - ELES SÃO SUPERIORES ÀS RIQUEZAS



Resultado de imagem para imagens de amigosA derivação do termo “amigo” é incerta. Diz que no latim “amicus”, significa “custodiar almas”, ou seja: aquele que toma conta da alma do outro. Uma das palavras para amigo no Antigo Testamento é “oheb”, que corresponde a palavra “philos” no Novo Testamento. Ambas significa amado ou querido. Por isso que amizade sempre está relacionada com afeição, estima, dedicação, benevolência, simpatia e favor. 

Amizade é uma interação íntima, espontânea e recíproca entre duas pessoas, intermediada pela afetividade. É uma relação na qual se dar e recebe amor espontaneamente. Não existe nada que obrigue alguém ser amigo de outra pessoa. É algo radicalmente espontâneo e absolutamente natural. É tão natural que faz parte da própria natureza humana ter amizades. Todos nós precisamos de alguém para custodiar a nossa alma. Não podemos viver no isolamento, timbrado pela solidão. Foi o próprio Deus disse: “não é bom que o homem esteja só” (Gn 2. 18).

Por isso que apesar do egoísmo humano, das falsas amizades, da hipocrisia de muitas pessoas, da ingratidão de alguns, não podemos desistir da verdadeira amizade. Ainda é possível ter amigos. Eles são indispensáveis á nossa vida. Não podemos ter felicidade e vida saudável sem constituir amigos.  Aristóteles, um dos grandes pensadores grego, nos livros VIII e IX da Ética de Nicômaco, diz que amizade é uma virtude necessária e indispensável à vida, muito mais importante que riquezas e poder. Pois nada na vida tem sentido sem amigos.

A literatura científica também reconhece a amizade com um importante ponto de felicidade e de bem-estar, pois proporciona compartilhamento de experiências, interesses, sentimentos e emoções. Pesquisas dão conta que o fator que mais influencia na saúde física e emocional das pessoas são os amigos. Não é o dinheiro, não é a genética, nem mesmo a alimentação. As boas amizades diminuem o risco de doenças cardiovasculares, diminuem o estresse e proporciona o sentimento de bem-estar e longevidade. Segundo uma matéria publicada pela Revista Superinteressante, as boas amizades podem nos dar um saldo de uma década a mais de vida[1].

Muito antes da ciência e da filosofia, a Bíblia já apontava a amizade com fonte de saúde para a alma e para corpo. Escreve Salomão: “o olhar de um amigo alegra o coração e as boas novas fortalece até os ossos” (Pv 15. 30) Os amigos nos tiram da solidão, evitam o tédio e enchem nossa alma de felicidade.  Um amigo de verdade é tão precioso, que muitas vezes ele é mais próximo que um irmão. Ele faz parte de nossa intimidade. Diz Salomão: “o homem que tem muitos amigos pode congratular-se, mas há amigo mais chegado que um irmão” (Pv 18. 24). Esse tipo de amigo de amigo potencializa nosso crescimento, não nos deixa sentir inútil, e nos desafia a continuar exercendo nossa missão com eficiência. Diz em Provérbio: “como o ferro com o ferro se aguça, assim o homem afia o rosto do seu amigo” (Pv 27. 17).

Amizade é tão importante, que o próprio Deus se relacionou com alguns de seus servos amigavelmente.  Moisés é um exemplo. Ele tinha uma profunda intimidade com Deus. “Falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo” (Ex 33. 11). Eles dialogavam de frente um com o outro, “face a face”, sem intermediário, abertamente. Moisés tinha liberdade para falar com Deus e Deus tratava Moisés amorosamente.

Abraão é outro exemplo. Ele é chamado de Amigo de Deus. Escreve Tiago: “e creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado amigo de Deus” (Tg 2. 23). Ele se torna amigo de Deus por causa de sua fé. A fé de Abraão era a base de sua amizade com Deus. O rei Josafá o considera o amigo perene de Deus (II Cr 20. 7). O próprio Deus o chama particularmente de “meu amigo” (Is 41. 8); expressão essa que pode ser traduzida por “a quem tenho amado. Isso mostra que Abraão era querido, amado e aceito por Deus. Que privilégio extraordinário ser chamado pelo próprio Deus de “meu amigo”.

Amizade é indispensável de tal forma que Jesus não limitou seu relacionamento conosco a uma relação de Senhor e servo. Jesus não nos trata simplesmente com o seus súditos. Ele nos trata como amigos. Jesus mesmo disse: “já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito a conhecer” (João 15. 15). Jesus é o maior amigo! Ninguém poderia nos ajudar a escapar da condenação eterna; mas Cristo com o seu imenso amor, nos salvou e nos fez os seus amigos. Tirou-nos da posição de servo, de simples escravo, e nos elevou à posição de seus iguais, à dignidade de amigo, considerando-nos companheiros seus.

No entanto a amizade com Cristo tem um preço. Requer absoluta obediência aos seus mandamentos. “Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando” (Jo 15. 14). Cristo deu a vida por nós (Jo 15. 13). Mas em contra partida, ele requer a nossa sujeição ao que ele manda. Os amigos de Cristo segue a ética de Cristo e tem a mente de Cristo (I Cor 2. 16). Pensa como Cristo pensa (Fl 4. 8), sente como Cristo sente (Fl 2. 5) e anda como Cristo andou (I Jo 2. 6). Os amigos de Cristo têm a imagem e a semelhança de Cristo ( Rm 8. 29)

Porque o verdadeiro amigo é alguém que tem alma semelhante a nossa. Em Deuteronômio 13. 6 está escrito: “teu amigo, que te é como a tua alma”. Significa dizer que o amigo se identifica com o nosso interior. É uma ligação de almas. A alma dele é como a sua, com atitudes concordantes e afetos similares. É aquela pessoa que tem sentimentos e pensamentos semelhantes aos seus e quando diferentes, não são motivos de separação. Pois na verdadeira amizade as almas se unem, há afeição e solidez. O amigo é alguém que não é você, mas que você se identifica a si mesma nela. Segundo Aristóteles, amizade “são dois corpos que compartilham a mesma mente”. Talvez um pouco exagerado, Montaigne escreve: “amizade a que me refiro [...] as almas entrosam-se e se confundem em uma única alma, tão unida uma à outra que não se distinguem, não se lhes percebendo sequer a linha de demarcação” (MONTAIGNE 1972. P. 179, 180).

O verdadeiro amigo é alguém diferente de você, mas que te completa, pois tais diferenças tornam um completo um do outro.  Por isso que na verdadeira amizade se aceita a pessoa do jeito que ela é. Não se aproxima do outro pelo que ele possui, mas pelo que ele é. A límpida amizade se baseia no ser e não no ter.

O verdadeiro amigo nos deixa confortável na relação, proporcionando liberdade. Adiante do amigo ficamos livres para expressar, brincar, rir e chorar. Adiante de um verdadeiro amigo podemos pensar em alta voz, podemos ser sinceros e deixar aberta a porta do coração. O verdadeiro amigo não é necessariamente aquele que compreende a nossa dor, nosso sofrimento ou as nossas decepções, mas aquele que não nos abandona em nossa dor e em nossas decepções. É bem provável que amizade seja o ponto mais alto das relações sociais. Na corte dos Ptolomeus “Philo” ‘amigo’ era o título dado ao mais alto dos oficiais do rei.

Um exemplo bíblico de uma límpida amizade é Jônatas e Davi. A entrevista de Saul a Davi, depois da vitória contra o famoso gigante Golias, pôs Jônatas em contanto com Davi, nascendo daí uma grande amizade entre os dois. O texto bíblico diz: “e sucedeu que, acabando ele de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou com à sua própria alma” (I Sm 18. 1). Suas almas foram costuradas uma á outra pela linha do amor. Eles estavam ligados como papel colado um no outro. Eles amavam um ao outro como á sua própria alma. Eles gostavam um do outro como a si mesmo. O amor que sentia por si mesmo era o amor com que amava ao outro.

Amizade entre os dois era tão ampla que eles selaram um pacto de mútua lealdade, proteção e apoio (I Sm 18. 2). E como demonstração desse profundo e amplo afeto, Jônatas deu a Davi todas as suas armas de guerra. Ele tirou a capa que trazia sobre si e deu a Davi, como também suas vestes, sua espada, seu arco e seu cinto[2] (I Sm 18. 3). Amizade entre os dois era tão profunda, que quando Jônatas morreu, Davi cunhou a seguinte lamentação: “angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; quão amabilíssimo me eras! Mas maravilhoso me era o teu amor do que o amor das mulheres” (II Sm 1. 26).

É claro que é preciso tomar cuido com as falsas amizades. Assim como existem os verdadeiros amigos, existem os falsos. São pessoas que não são amigos do seu ser, mas do que você possui. São os chamados amigos utilitaristas. Conhecidos popularmente como amigos interesseiros. A pessoa é sua amiga porque percebe que pode tirar algum proveito seu. Salomão, o rei da sabedoria, muitos antes de nós, escreveu claramente sobre esse tipo de amizade: “O pobre é aborrecido até do companheiro, mas os amigos do rico são muitos” (Pv 14. 20);  “as riquezas granjeiam muitos amigos, mas ao pobre o seu próprio amigo o deixa (Pv 19. 4); “e cada um é amigo daquele que dá presentes. Todos os irmãos do pobre o aborrecem; quanto mais se afastarão dele os seus amigos! Corre após eles com palavras, mas não servem de nada” (Pv 19. 6, 7). São pessoas de elogios exagerados e inoportunos (Pv 27. 14).

Contudo não podemos nos isolar e deixar nosso coração solitário por causa das decepções com algumas amizades. Isso aconteceu com Jesus. Ele foi traído pelo seu amigo íntimo, quem tanto ele confiava (Sl 41. 9). Judas era um dos discípulos mais próximo de Cristo. Traiu Jesus por trinta moedas de prata. Contudo Jesus não desistiu de constituir amizades. Ele nos fez seus amigos.

Faça como Jesus! Não deixe de constituir novas amizades e nem abandone os seus amigos. Salomão sabiamente aconselha: “Não abandones o teu amigo, nem o amigo do teu pai” (Pv 27. 10). Um pouco antes ele escreve: “em todo tempo ama o amigo e angústia nasce o irmão” (Pv 17. 17). Jamais se deve zombar (Jó 16. 20); caluniar (Jr 9. 4), condenar (Jó 32. 3) difamar (Pv 16. 28), lisonjear indevidamente (Pv 27. 14), ferir (Zc 13. 6) e afastar-se dos amigos, principalmente nos momentos de aflição. Assim expressou Jó: “ao que está aflito devia o amigo mostrar compaixão” (6. 14). Os amigos devem ser cultivados com amor, lealdade, fidelidade e oração (Jó 42. 10). Pois, boas amizades potencializam nosso desenvolvimento social (Pv 27. 17) e proporcionam cura interior (Pv 15. 30). Quem tem amigos sempre se sentirá útil. Os amigos fazem bem á alma e ao corpo.

Por isso, valorize as boas amizades e aprecie seus amigos, demonstrando sempre que eles são pessoas importantes em sua vida. Não brigue por qualquer coisa. Seja flexível. Facilite seus relacionamentos. Pois quando nos relacionamos bem, damos um importante passo para sermos vencedores na vida.

Pastor Joventino B. Santana 



[1] Poder das Amizades na Vida de uma Pessoa – Superinteressante – Por Camila Costa e Bruno Gorathoni, publicado em 21 de fevereiro 2011. Editora Abril.
[2] Era um costume daquela época, os saldados, como demonstração de lealdade e amizade, trocarem as armas entre si.