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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

AS TRÊS VISÕES NA CEIA DO SENHOR

O famoso texto da Ceia do Senhor, escrito pelo Apóstolo Paulo á Igreja de Deus em Corinto, nos mostra que o olhar daquele que comunga fielmente da mesa do Senhor, é levado em três direções simultaneamente. Pois a Ceia do Senhor proporciona-nos três sublimes visões: retrospectiva, introspectiva e perspectiva. Confira:

Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós, fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha. Portanto, qualquer que comer este pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem. Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para sermos condenados com o mundo. Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros (I Cor 11. 23 – 33).

A Visão Retrospectiva na Ceia do Senhor
É um olhar para trás, em direção ao calvário, á cruz de Cristo. Pois na ceia celebramos a sua morte. O pão nos lembra o corpo de Cristo rasgado na cruenta cruz por nós. O Cálice fala do seu sangue derramado para remissão de nossos pecados.
Está escrito que ele pegou o pão, durante a celebração da páscoa, sem fermento, simbolizando a sua vida sem pecado e sem culpa, e apontado para o pão disse: “isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim”. De modo semelhante, ele pegou o cálice e dando graças, distribui entre todos e disse: “bebei dele todos. Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos”. Paulo ainda acrescenta que Jesus disse: “fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim”.
É interessante observar que sempre as pessoas comemoram a data de nascimento de seus heróis. De modo semelhante, se dá entre a nossa família. Nunca comemoramos a morte de algum parente, só celebramos a data natalícia. Mas com Jesus Cristo é diferente, ele nos instrui a comemorar a sua morte e não o seu nascimento.
Isso não quer dizer que o nascimento de Cristo não seja importante, nem que não devamos fazer o natal. Até porque sem nascimento, jamais poderia haver morte. Por outro lado, se ele houvesse nascido, e se não tivesse morrido na cruz, derramado seu inocente sangue, seria impossível a remissão de pecado (Hb 9. 22). Portanto, o ponto central do personagem central do cristianismo é a sua morte.
Uma evidencia clara dessa verdade, é que o nascimento de Cristo é registrado em dois evangelhos ­­­­(Mateus e Lucas), ao passo que a sua morte é registrada por todos quatro evangelistas. João por exemplo, dedica mais da metade de seu evangelho para falar da última semana da vida do Senhor Jesus na terra. Nas epístolas, os apóstolos desenvolvem a doutrina para igreja, não a partir do nascimento, mas a partir da morte de Cristo. Isso, porque eles entenderam que a morte de Cristo era o ponto central da fé cristã.   
Primeiramente, porque na cruz, por meio da morte de Cristo, houve a maior demonstração do amor de Deus pelos pecadores. Paulo disse em Romanos que “Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo ainda pecadores” (Rm 5. 8).
A prova do amor de Deus por nós não é a cura de nossas enfermidades, não é a nossa prosperidade financeira, não é o nosso sucesso, não é o carro novo. Não! Embora ele possa nos abençoar com tudo isso. Mas a maior prova do amor divino é a morte de seu Unigênito Filho na cruz.
O interessante que essa prova não está lá no passado, mas no presente. Está escrito: “Deus prova”. Todas as vezes que participamos da ceia e lembramo-nos da morte de seu Filho, o Senhor está nos dando prova do seu amor.
Em segundo lugar, porque por meio de sua morte, através da cruz, Cristo nos salvou, libertando-nos da ira futura. Paulo ratifica: “logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm 5. 9). O nosso perdão e a nossa salvação só poderiam ser efetuados por meio da morte de Jesus Cristo no Calvário. Pois a nossa salvação exigia um preço. E o preço era o preço de sangue. Mas não de qualquer sangue. O sangue de animais não servia. O sangue dos homens seria insuficiente para pagar o preço. Por outro lado, Deus como Deus, também não poderia derramar sangue. Pois Deus é espírito e não tem sangue. Então, o próprio Deus, na pessoa de seu Filho se fez carne, se torna homem (Jo 1. 14), e na forma humana, paga o preço necessário da nossa salvação ao próprio Deus. Aleluia!
Então, todas as vezes que participamos da mesa do Senhor, a nossa memória se fixa na cruz, na morte de Cristo. E com lágrimas, sabendo que foi por nossa causa que ele sofreu, celebramos a nossa salvação, o perdão de nossos pecados. 
A Visão Introspectiva na Ceia do Senhor

A segunda visão que a Ceia do Senhor nos proporciona é um olhar introspectivo. Um olhar para dentro de nós mesmos. Uma espécie de sondagem interior para saber como está a nossa vida e nosso coração adiante do Senhor. É um auto-exame, uma reflexão voltada para o nosso interior, proporcionando o conhecimento de si mesmo. Por isso que estimula o apóstolo: “examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim come deste pão e bebe deste cálice” (ICor 11. 28).
Na Ceia não devemos examinar a vida alheia, mas a nossa própria vida. Pois a Ceia do Senhor é também um tribunal, aonde o réu e o juiz é você mesmo. Somos nós que devemos nos julgar a nós mesmo. E quando assim precedemos somos disciplinados, educados e corrigidos pelo Senhor, para evitar a nossa condenação com o mundo.
Agora, esse auto-exame não significa autodisciplina. Há irmão que depois de examinar a si mesmo, e ao perceber que cometeu algum pecado, se auto-exclui da ceia. E ai passa dois, três meses sem participar da comunhão dos santos. Isso é um equívoco. O auto-exame não é autodisciplina. A disciplina deve ser feita pela direção da igreja.
Desse modo, ao descobri que há algum impedimento de participar da Ceia, deve-se procurar a direção da igreja, confessar, e juntos buscar uma solução.  Pois a ordem da Bíblia é examinar a si mesmo para comer do pão e beber do cálice. O exame tem com finalidade e inclusão e exclusão.
A Visão Expectativa na Ceia do Senhor

Terceira e última visão da Ceia é uma visão expectativa. Um olhar para cima. Uma renovação da nossa bendita esperança de ver Cristo pessoalmente, assim como ele é. Pois em breve ele voltará para nos buscar e estaremos sempre com ele. Paulo fala disso e liga a morte de Cristo á sua volta: “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha”.
Cristo iniciou seu ministério pelo batismo nas águas e terminou na instituição da Santa Ceia. Mas na Ceia ele nos deu uma expectativa. Ali era o final de seu ministério, mas o inicio de uma imortal esperança. Quando ele terminou de celebrar a primeira Ceia, em memorial a sua morte, que ocorreria logo mais, os discípulos estavam tristes e turbados. Então Jesus lhes deu uma esperança, direcionando seus olhares para cima, dizendo:
Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. (João 14:1-3)
Todas as vezes que participamos da Ceia, o nosso olhar deve se voltar também para aquele grande e glorioso dia, quando todos nós, lavados e remidos pelo seu sangue, nos assentaremos com ele nas Bodas do Cordeiro. A Ceia que celebramos aqui é um grande ensaio para a gloriosa ceia que teremos com o próprio Jesus Cristo quando ele voltar ( Mt 26. 29).   
Portanto, a Ceia do Senhor, como o memorial que a igreja deve celebrar até a volta de Cristo, tem três grandes finalidades. Primeiramente, manter nosso olhar voltado para trás, para a cruz de Cristo, para seu eterno e insubstituível sacrifício.   Segundo, nos direcionar para dentro de nós, refletindo a nossa vida com ele, acerca de nosso estado espiritual. Terceiro, tem como finalidade renovar a nossa esperança. Pois o retorno de Cristo é certo. Aleluia!

Pr Joventino Barros Santana

2 comentários:

  1. Uma boa palavra. também aproveito o ensejo para Parabenizar pela linda familia que Deus te deu. A paz do Senhor!

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